Lorena
Quando ele entrou em casa, o olhar dele pesava mais que o mundo. Era o olhar de quem já matou. De quem quase morreu. De quem carrega fantasmas nas costas, mas ainda assim volta pra proteger quem ama. Eu soube. Antes mesmo de ele falar qualquer coisa, eu soube. Kaíque tinha enfrentado o inferno — de novo. E, como sempre, voltou inteiro só por nós. Mas dessa vez… não era só por mim. Era por um amor que agora tinha batimentos dentro da minha barriga.
Ele me abraçou forte, do jeito que só ele sabe: com o corpo tenso, o peito arfando, e a alma implorando por paz. Como se aquele abraço fosse a última chance. Como se tudo pudesse acabar dali a segundos. E talvez pudesse mesmo.
— Amor, a gente vai ter que sair do Rio.
— Quando?
— Agora. Amanhã no máximo.
As palavras dele bateram em mim como sirene. Forte. Certeira. Gritando perigo. Meu coração disparou, mas não foi de medo. Foi de aceitação. Porque eu sempre soube que amar Kaíque era viver na beira do abismo — e ainda assim dançar, mes