Kaíque "K"Não nasci em berço de ouro. Nasci em cima de um colchão rasgado, no barraco da minha vó, com cheiro de esgoto subindo pela parede e o grito da sirene da polícia cortando a madrugada. Tinha oito tiros rolando na viela quando minha mãe rompeu a bolsa. E dizem que a primeira coisa que ouvi foi o “pega, pega!” da PM descendo o morro.Era só o começo.Meu nome é Kaíque Silva, mas no morro, me chamam de K. Os de fora tremem só de ouvir. Os de dentro me respeitam. E quem não respeita... aprende da pior forma.Aos quinze, já era braço direito do patrão. Aos dezessete, enterrei ele com dois tiros na nuca. E no dia seguinte, tomei o trono. Não pedi. Peguei. Porque nesse lugar aqui, quem hesita morre. Quem sente, sangra. E quem ama... se fode.Eu aprendi cedo a não confiar em ninguém. Nem em mãe, nem em mulher, nem em amigo. Porque na favela, todo sorriso esconde uma navalha. E eu já tomei muita facada no peito pra sair dando abertura de novo.Meu corre é limpo — dentro da sujeira que
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