Presídio Bangu 1 – Três anos antes da liberdade de Kaíque e Lorena
A cela de Jonas Duarte era a última do corredor. Isolado, como um rei derrotado que já não comanda nem as próprias fezes. O tempo, a culpa e os inimigos tinham corroído tudo nele: a pose, o poder, o respeito. Era só mais um. Só mais um nome apagado nas paredes mofadas. Mas do lado de fora, o nome dele ainda fazia eco — e não de admiração, mas de ódio. Porque Jonas não caiu sozinho. Levou parceiros, entregou comparsas, ferrou aliados. E na cadeia, dedo-duro e traidor pagam com carne.
Naquela noite, os gritos abafados começaram depois da troca de turno.
Ninguém viu.
Ninguém quis ver.
Três detentos invadiram a cela com faca artesanal feita de escova de dente e lâmina de barbear. Entraram no escuro, com o ódio antigo e a missão encomendada.
Jonas nem teve tempo de levantar.
O primeiro golpe veio seco, na garganta.
Silêncio. Depois, o som da respiração falhando, do corpo se debatendo, do sangue espirrando na parede.
— Isso