Laís
Os dias seguintes ao vídeo foram uma mistura de orgulho e exaustão. Eu já não era apenas a estagiária da ONG Raízes Vivas — pelo menos, era assim que a cidade começava a me enxergar. Convites começaram a chegar de todos os lados: escolas pedindo rodas de conversa, associações comunitárias querendo palestras, até pequenos grupos de mães marcando encontros no salão da igreja para discutir “fake news e convivência”.
Na primeira dessas visitas, entre carteiras riscadas e quadros cheios de pó de giz, um garoto me perguntou: — Professora, é verdade que todo mundo pode inventar coisa na internet e fazer parecer real?
A palavra “professora” me pegou de surpresa. Eu não corrigi. Sorri e respondi com calma: — É por isso que a gente precisa aprender a perguntar. Nem tudo que aparece na tela é verdade. Mas se a gente se une, descobre rápido quem mente.
A turma inteira assentiu. Alguns anotavam, outros apenas me olhavam com atenção. Eduardo estava no fundo, registrando tudo com a câmera. Quan