Laís
O sol nasceu tímido, escondido atrás de nuvens claras. Mesmo assim, o calor da expectativa já pesava no ar. A ONG estava em polvorosa desde as sete da manhã. Pilhas de pastas cuidadosamente revisadas se espalhavam pelas mesas, o café de tia Zuleica exalava aroma forte na cozinha, e o mural na entrada, reforçado com novas cores, brilhava como bandeira de resistência. Tudo parecia ensaiado, mas por dentro todos tremiam.
Eu caminhava pelos corredores tentando respirar fundo. Sentia a tensão pairar em cada olhar, em cada gesto. Não era apenas uma visita técnica. Era um teste de credibilidade, a chance de provar que não tínhamos nada a esconder. Eduardo percebeu meu nervosismo e se aproximou devagar, pousando a mão na minha cintura.
— Vai dar tudo certo. — disse, com a voz baixa. — Nós já atravessamos tempestades piores.
Assenti, tentando acreditar tanto quanto ele.
***
Às nove em ponto, uma caminhonete preta estacionou em frente à ONG. Dois auditores desceram: uma mulher de ca