Laís
O vídeo foi gravado numa manhã comum, sem cenário preparado. Apenas uma cadeira no pátio da ONG, uma câmera simples apoiada num tripé improvisado e Eduardo atrás dela, segurando o roteiro nas mãos. Eu não queria produção elaborada. Queria clareza.
Respirei fundo e comecei: — Muitas pessoas estão ouvindo coisas que não fazem sentido. Hoje vou explicar como funciona uma fábrica de boatos. — Mostrei exemplos de perfis repetidos, frases iguais, horários suspeitos. — Não é conversa de vizinho. É estratégia. E a melhor arma contra mentira é informação simples. Antes de compartilhar, pergunte: quem escreveu? Quando foi? Onde está a fonte?
Falei devagar, com a calma de quem ensina criança a amarrar cadarço. Em menos de cinco minutos, encerramos. Eduardo desligou a câmera, me abraçou de lado: — Você acabou de dar aula pra cidade.
***
Não esperávamos o efeito. Em dois dias, o vídeo rodava grupos de escola, igrejas, até a rádio local passou um trecho. Professores exibiam em sala, mães