Laís
O dia seguinte à vistoria amanheceu abafado. O céu guardava nuvens pesadas, como se refletisse o peso que pairava sobre todos nós. Na ONG, o cheiro de café recém-passado se misturava ao nervosismo. Cada olhar dizia o mesmo: alívio, sim, mas também a ansiedade pelo relatório que viria. Era como estar entre o fim de uma tempestade e o início de outra.
Eduardo foi o primeiro a chegar. Trouxe pão fresco da padaria e um sorriso determinado. — Café da manhã coletivo. — anunciou, tentando arrancar sorrisos. Colocou os pães na mesa e abraçou Nanda de surpresa. — Você foi gigante ontem. — disse. Ela sorriu de leve, mas seus olhos revelavam que a mente já estava na próxima batalha.
Eu tentava respirar fundo, mas sentia o peito apertado. Eduardo percebeu, aproximou-se por trás e pousou a mão na minha cintura. — Vai dar tudo certo. — murmurou. — Nós já atravessamos tempestades piores. — O calor do toque dele me ancorou.
***
Nanda convocou uma reunião logo cedo. Estávamos na sala grande