Laís
O domingo amanheceu com barulho de feira no ar: pregões, risadas, som de rádio antigo. E, no meio desse cotidiano, um assunto atravessava as bancas como vento: o dossiê de Felipe e a resposta da ONG. Eu e Rafaela fomos comprar frutas para a semana de oficinas e, antes mesmo do troco, o feirante comentou:
— Vi o vídeo de vocês. Falaram bonito e com papel na mão. PDF furado não planta árvore, não — disse, empacotando as bananas. — Se precisarem de muda de arruda, aqui tem.
Rimos. O humor devolvia a medida das coisas.
No jornal da cidade, a manchete do dia era simples: “Documento de Felipe apresenta inconsistências; ONG mantém serenidade”. Na rádio comunitária, a locutora destacou: “A Raízes Vivas mostrou método, não grito.” Era o resumo que a gente precisava ouvir.
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Na escola do bairro, onde eu e Rafaela apresentamos a programação da Semana Verde, famílias se aglomeraram na quadra. As mãos se levantavam com perguntas sobre horários e transporte. Uma mãe, de voz firme, me puxou d