Laís
Naquela segunda-feira, o ar parecia mais pesado dentro da ONG. Não era só pelo calor abafado que rondava a cidade, mas pelo peso das decisões que pairavam sobre nós. Nanda me chamou cedo, com aquela voz que não abre espaço para evasivas:
— Hoje é o dia. A diretoria vai se reunir. Quero você comigo na sala.
Meu estômago deu um nó imediato. Eu sabia que o assunto seria minha efetivação, mas ouvir a frase em voz alta deixou o ar ainda mais denso. Eduardo segurou minha mão antes que eu entrasse. Seu olhar dizia o que a boca não ousava: “Confia.”
***
A sala de reuniões estava arrumada com formalidade. Pastas alinhadas sobre a mesa comprida, jarra de água ao centro, cadeiras ocupadas por rostos que, de alguma forma, marcavam a história da ONG. Conselheiros locais, professores, líderes de bairro. O ambiente cheirava a papel e a expectativa. Nanda abriu a pasta de anotações e deu início com a firmeza habitual.
— Estamos aqui para deliberar, entre outros pontos, sobre a efetiva