Laís
Depois da reconciliação intensa, comecei a semana com uma energia diferente. Eu e Eduardo estávamos mais leves, como se o peso que nos esmagava tivesse se transformado em combustível. O clima na ONG, porém, não refletia essa calmaria. Logo cedo, Nanda nos reuniu na sala grande, a expressão firme.
— A batalha mudou de arena. — disse, abrindo uma pasta com recortes de jornal. — Agora é política.
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Na primeira página do jornal local, uma manchete: “Clara é convidada para conselho municipal de transparência”. O texto descrevia o novo cargo, uma posição que lhe dava legitimidade e visibilidade. Durante a entrevista, ela foi clara: “ONGs que recebem recursos públicos precisam passar por escrutínio contínuo. O relatório provisório não basta, é preciso vigilância permanente.”
As palavras dela me atravessaram como lâmina. Não havia acusação direta, mas a sombra estava lá, pairando sobre nós. Rafaela bufou alto. — Essa mulher consegue falar de sol e ainda deixar sombra. É atriz!
— Se der