Laís
Os dias que se seguiram ao relatório provisório foram de maratona. A ONG parecia uma máquina que não podia parar: relatórios sendo revisados, voluntários digitalizando pilhas de documentos antigos, reuniões quase diárias. Até as crianças percebiam a tensão. Uma delas, a pequena Júlia, perguntou em voz alta no pátio: — Tia Laís, por que vocês andam sempre com cara de brabo?
A sala inteira riu, mas por dentro doeu. Até os pequenos já notavam que o peso da pressão transbordava. Dona Tereza comentou em voz baixa para Rafaela, enquanto servia café: — Até o café anda mais amargo de tanta preocupação.
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Eduardo parecia carregar tudo nos ombros. Além da parte de comunicação visual, assumia redes sociais, ajudava Lucas com painéis, conferia documentos com Rafaela e ainda tentava me proteger de cada ataque externo. O olhar dele andava sempre sério, os músculos do pescoço tensos. Uma tarde, ao ver um cartaz impresso com a cor errada, ele amassou o papel com raiva desproporcional.
— Não é