Laís
A ONG amanheceu em ritmo de ensaio geral. O portão abriu antes das oito e, quando entrei, o pátio já parecia coração batendo depressa: mesas arrastadas, cartazes secando no varal de barbante, voluntários cruzando de um lado a outro com caixas de materiais. O cheiro de tinta guache disputava espaço com o de café passado. Eduardo revisava, de pé, um painel de lona com o título da semana: SEMANA VERDE — RAÍZES QUE FICAM. As letras tinham um degradê discreto que lembrava folha à luz.
— Se a prefeitura roubar esse layout, eu mando fatura — ele brincou, sem tirar os olhos do banner.
— Não rouba, não. No máximo copia mal — respondi, passando ao lado e roçando os dedos nos dele. O toque breve acendeu um sorriso que só eu conhecia.
Nanda fez um gesto com a prancheta e a roda se formou no centro do pátio. — Gente, alinhamento rápido: hoje é abertura na praça. Lembrem-se do combinado: acolhimento primeiro, fala curta, atividade prática sempre. Quem está na frente de oficina, fala o essencia