Laís
O relatório provisório tinha nos dado fôlego, mas a paz não durou muito. Na manhã seguinte, enquanto tomávamos café na ONG, Rafaela entrou com o celular na mão e uma careta de deboche.
— Olha só — disse, jogando o aparelho sobre a mesa. — Um vereador aliado de Clara pediu uma “auditoria cidadã paralela”. Querem abrir um comitê de moradores para revisar os relatórios que já foram analisados pela Controladoria.
— Querem mais papel? — Gabriela resmungou. — A gente abre uma papelaria.
O riso coletivo quebrou um pouco a tensão, mas Nanda não sorriu. — Isso é sério. Eles querem minar a confiança. Precisamos responder com trabalho. Continuar entregando resultados. — Seu tom não era de desespero, mas de firmeza. Como sempre.
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Clara apareceu em entrevista na rádio local no mesmo dia. Cabelos impecáveis, voz doce que soava como faca coberta de mel. — Fico satisfeita que o relatório tenha constatado organização, mas a comunidade merece vigilância constante. Transparência não pode ser epi