Laís
A manhã seguinte chegou parecendo segunda-feira dentro de uma terça. Todo mundo apareceu cedo, como quem tenta chegar antes da própria ansiedade. A ONG tinha o cheiro conhecido de café passado, mas havia algo novo no ar: esperança contida. Nanda estava com o notebook aberto na sala grande, a pasta de documentos empilhada como se fosse travesseiro de segurança. Eu vi quando o e‑mail chegou — o som discreto da notificação soou mais alto que uma sirene.
— É da Controladoria. — ela disse, sem drama. — Relatório provisório da visita.
Nos aproximamos em semicírculo: Eduardo ao meu lado, Lucas encostado na parede com a câmera pendurada no pescoço, Gabriela e Rafaela dividindo uma cadeira, Breno com duas canecas de café, uma em cada mão. Nanda limpou a garganta e começou a ler.
— “A equipe técnica constatou organização documental satisfatória e fluxos de trabalho claros.” — Fez uma breve pausa e ergueu os olhos. — “Satisfatória”, “claros”. São bons adjetivos.
Breno ergueu uma das canecas