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Capítulo 6 – Três Dias Antes da Festa

Laís

— Como assim festa da cidade?

Laís ergueu os olhos do computador, confusa, enquanto Nanda distribuía panfletos coloridos pela sala da ONG. No papel, um sol sorridente com chapéu de palha anunciava: “37ª Quermesse de Santa Amora – Tradição, Música e Amor na Praça”.

— Você acha o quê? — respondeu Nanda, com aquele tom prático de sempre. — Que interior é só plantinha e calmaria? A gente também ferve.

— A ONG monta barraca todo ano — explicou Leandro, empolgado. — Jogo das argolas, pescaria ecológica, e claro, o famoso bingo ambiental. Os prêmios são produtos recicláveis e mudas. Um sucesso.

— Vocês estão brincando… — Laís balançou a cabeça, sorrindo sem querer.

— Não brincamos com festa, meu amor. — disse Rafaela, que apareceu com um copo de suco na mão, como se fosse parte da equipe. — E você já está escalada, viu? Precisamos de gente bonita pra atrair o povo.

— De onde você saiu? — Laís perguntou, rindo.

— Da cozinha da Tia Zuleica. Tô de olho em você, gata.

Todos riram.

Eduardo apareceu na porta, com uma pilha de cartazes para entregar.

— Tô ouvindo barulho de complô por aqui. — disse, apoiando o ombro no batente. — A Laís já sabe que a quadrilha é obrigatória?

— O quê? — ela arregalou os olhos.

— Quadrilha improvisada, tradição da última noite. Quem não dança, paga prenda. — ele disse com um sorriso enviesado, e os olhos fixos nela.

— Eu sou péssima em coreografia.

— A gente ensina. — disse Leandro, com um entusiasmo inocente. — Eu sou ótimo nisso.

Eduardo apenas olhou.

Laís desviou o olhar e voltou a fitar os panfletos. Seu coração acelerava com esses jogos silenciosos. Ele não estava flertando diretamente — mas também não estava se afastando.

— Três dias pra montar tudo. — Nanda disse, batendo palmas. — Cada um pega uma função. Eduardo, você cuida da identidade visual da barraca e dos cartazes. Leandro e Laís, vocês montam o layout das brincadeiras e revisam os materiais educativos. Rafa… você supervisiona o caos, como sempre.

— Nasci pra isso. — Rafaela piscou.

Enquanto todos se dispersavam para organizar as tarefas, Laís se virou para Nanda.

— Eu acho que ainda não entendi totalmente o trabalho da ONG…

— Normal — Nanda respondeu, simpática. — A Raízes Vivas começou aqui mesmo, em Santa Amora. A gente atua com educação ambiental, reflorestamento, hortas comunitárias, reciclagem… mas com o tempo, percebemos que as pessoas não vivem só de natureza. Elas precisam ser ouvidas também.

Leandro completou:

— A ideia é simples: cuidar do planeta passa por cuidar das pessoas também. Comunidade e meio ambiente andam juntos.

Nanda assentiu:

— Por isso sua função aqui é tão importante. Você vai ajudar com rodas de conversa, oficinas de saúde emocional nas escolas, e também dar suporte pra gente, pra equipe. Todo mundo aqui carrega muita coisa. Ter alguém que entende o lado humano do impacto faz toda diferença.

Laís ficou em silêncio por um instante. Era mais do que ela esperava. E, ao mesmo tempo, exatamente o que ela precisava.

Os dias seguintes foram uma mistura de trabalho, calor e ansiedade.

Leandro se mostrou um parceiro dedicado — engraçado, cuidadoso e claramente interessado. Ele sempre dava um jeito de elogiar algo que Laís fazia, mesmo que fosse só dobrar papel.

— Você tem uma letra linda. — disse num fim de tarde.

Ela agradeceu, mas sem se aprofundar. Seu corpo parecia ocupado demais tentando entender outra energia mais intensa ao redor.

Eduardo, por sua vez, mantinha um equilíbrio desconcertante. Era atencioso, mas medido. Olhava, mas não se aproximava demais. Falava pouco, mas quando falava, tocava fundo.

Na quinta-feira à tarde, ele apareceu no depósito da ONG, onde Laís e Leandro testavam a disposição da barraca de argolas.

— Tô com os rótulos prontos. — disse, estendendo as folhas plastificadas com o logo da ONG e o nome da brincadeira. — Mas vocês podem mudar se quiserem.

— Tá perfeito. — Laís respondeu antes de pensar. E os olhos dos dois se encontraram por um instante longo demais.

Eduardo assentiu, com um meio sorriso, e saiu em silêncio.

Leandro fingiu não perceber.

Na sexta-feira, faltando apenas um dia para a festa, Tia Zuleica fez questão de alimentar toda a equipe.

— Todo ano essa festa junta gente que nem se olha o resto do ano. — dizia ela, enquanto cortava bolo de fubá com calda de goiabada. — É o poder da quermesse. Já vi até gente se apaixonar entre uma dança e outra.

Rafaela riu alto, como sempre.

— E já vi também gente tropeçando nos sentimentos que fingia não ter. Né, Laís?

— Você não vale nada — respondeu Laís, rindo e corando ao mesmo tempo.

Naquela noite, deitada na cama com o ventilador soprando no rosto, Laís sentia o corpo cansado, mas a mente elétrica.

Eduardo estava por toda parte. Nos panfletos que ela ajudou a organizar. No cheiro da madeira das barracas. Na lembrança do toque rápido. Nos olhos que a atravessavam quando ninguém estava olhando.

A festa estava chegando. E o que quer que estivesse acontecendo entre eles, também.

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