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Capítulo 5 – Ecos do Silêncio

Eduardo

O quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz azulada do celular. Eduardo estava jogado na cama, com uma camiseta velha e a janela aberta, deixando o ar da noite entrar. O ventilador fazia um barulho insistente, mas o que realmente o impedia de dormir era outra coisa.

Laís.

Ela estava ali, no canto dos pensamentos, como uma música antiga que volta do nada — familiar, nostálgica, e um pouco dolorida.

Desde a segunda-feira, tudo girava ao redor dela. No trabalho, nas conversas, nos silêncios. Principalmente nos silêncios. Ele tentou ser natural, manter distância, respeitar o espaço dela. Mas era difícil. Porque bastava vê-la passar os dedos no cabelo, ou morder o lábio quando estava concentrada, que tudo voltava. O beijo apressado, a sensação de perda, o “depois a gente se fala” que nunca aconteceu.

E agora estavam ali. No mesmo ambiente. Mesma cidade. Mesma sintonia. Mas em mundos ainda descompassados.

Ele rolou no colchão, pegou o celular e digitou uma mensagem. Curta. Leve. Meio nostálgica.

“Espero que o chá da sua tia ainda tenha o mesmo gosto. Eu ainda lembro. :)

Foi bom te ver essa semana. Mesmo que em silêncio.

Boa noite, Laís.”

Enviou antes que se arrependesse.

E então… nada.

Ficou com o celular na mão por mais alguns minutos. A notificação de “visualizado” apareceu. Mas resposta? Nenhuma.

Suspirou e largou o aparelho na mesinha.

— Você tá com essa cara por causa da Laís, né? — disse uma voz na porta.

Breno, de chinelo, camiseta regata e cabelo bagunçado, entrou na casa como se fosse morador. E de certa forma, era. Amigo de infância, cresceu com Eduardo, dividiu segredos, histórias, e agora, vez ou outra, invadia sua casa sem avisar. Tinha uma chave extra e uma habilidade impressionante de aparecer nos momentos mais inconvenientes.

— Você não dorme, não? — Eduardo perguntou, jogando um travesseiro nele.

— Dormir é para quem tá em paz. E você claramente não tá. — sentou-se na cadeira giratória do quarto e girou duas vezes. — A Rafaela me contou que a Laís voltou. E que vocês estão trabalhando juntos. Isso é real?

— É. — respondeu, simples, sem encará-lo.

— Meu Deus do céu. Isso vai dar ruim. Ou muito certo. Ou os dois.

Eduardo soltou um riso abafado.

— É só trabalho.

— Trabalho é o que ela faz. Você tá é trabalhando seu autocontrole pra não se jogar em cima dela.

— Breno…

— Eu só tô dizendo o óbvio. Você esperou essa garota voltar por anos. E agora ela tá aqui. De carne, osso e cabelos bagunçados. Vai me dizer que tá tudo tranquilo?

Eduardo passou a mão no rosto.

— Não tá. Mas eu não sei o que fazer com isso. Ela foi embora. Não disse nada. Não teve final. E agora voltou… como se o tempo tivesse pausado. Mas não pausou pra mim.

— Então fala com ela.

— E digo o quê? “Oi, Laís, lembra daquele beijo em 2017? Ele ainda me incomoda”? — ironizou.

Breno levantou as mãos.

— Olha, você sempre foi melhor com palavras. Mas se não disser nada, vai repetir tudo de novo. Vai deixar passar.

Eduardo ficou em silêncio. O tipo de silêncio que grita.

Breno levantou, deu um tapinha no ombro dele e disse:

— Só não demora demais. Tem gente que não fica esperando pela vida inteira, não.

Saiu do quarto como entrou: sem pedir licença, mas cheio de razão.

Depois que o amigo foi embora, Eduardo ficou olhando o teto por um tempo. Pegou o celular. Abriu a conversa com Laís. Leu a própria mensagem de novo. Nada de resposta.

Abriu o perfil dela. Foto nova. Sorriso leve. Cabelos ao vento. Mas os olhos… os olhos eram os mesmos de anos atrás. Os olhos que tinham dito “fica” quando ela foi embora sem palavras.

Fechou o celular.

Talvez fosse cedo. Talvez ela também estivesse tentando entender o que sentia. Talvez, só talvez, ela ainda estivesse lá — em algum lugar, esperando o próximo passo.

E talvez coubesse a ele dar esse passo.

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