Laís
Acordei antes de Eduardo. O quarto estava silencioso, exceto pelo canto dos pássaros e pelo som distante da cachoeira. Peguei meu caderno e comecei a escrever, enquanto observava o peito dele subir e descer devagar. Um raio de sol atravessava a cortina e desenhava um retângulo quente no rosto do meu marido — ainda é estranho e doce pensar nessa palavra.
Escrevi: “Segundo dia de lua de mel. Descobri que felicidade também sabe ser preguiça: o tempo fica espesso, a pressa se dissolve, e o silêncio vira conversa.”
— Tá me desenhando com palavras? — Eduardo perguntou, sem abrir totalmente os olhos. Estendeu o braço e me puxou pela cintura.
— Talvez. Depende do cachê.
— Pago em beijos adiantados — disse, e me buscou com a boca, lento, sorrindo no meio do beijo.
Ficamos assim por um tempo, no limiar entre o sono e a vontade. Quando bateu na porta, a dona da pousada entrou com uma bandeja farta: café preto, pão de queijo, mamão, bolo de fubá.
— Bom dia, noivos. Ontem quase não saíram do