Laís
A lua de mel parecia ter durado semanas, mas foram apenas dois dias que se esticaram como eternidades no corpo e na memória. Quando voltamos, a casinha nos recebeu com cheiro de tinta fresca, caixas espalhadas pelos cantos e uma poeira fina que o vento do quintal empurrava para dentro. Eduardo abriu a porta com um exagero teatral, como se estivesse me apresentando um palácio.
— E aí, senhora esposa, aprova o nosso reino? — perguntou, jogando a mochila no sofá ainda embalado em plástico.
— Reino com teia de aranha, chão grudento e geladeira vazia? — respondi, rindo. — Precisa de uma rainha muito paciente.
Ele me puxou pela cintura e sussurrou: — Ou de um rei que saiba negociar.
O choque da rotina foi imediato. As malas largadas, as roupas misturadas, a sensação de que a vida adulta começava ali, sem manual de instruções. Eduardo queria arrumar primeiro a sala, espalhando quadros que trouxera enrolados. Eu insisti que a cozinha era prioridade, porque “uma casa começa pelo cheiro do