Laís
Nos dias seguintes, percebi que não eram apenas os fantasmas do passado que rondavam nossa história. Eram também as vozes. Olhares curiosos na rua, cochichos na padaria, comentários velados na ONG. Santa Amora tinha essa mania de transformar qualquer detalhe em novela. E agora, eu e Eduardo éramos os protagonistas.
Na ONG, Rafaela não perdeu tempo em brincar com a situação.
— Menina, você viu o jeito que te olharam na recepção hoje? Tava quase um “edital público”: Laís e Eduardo, capítulo novo!
Gabriela riu, mas logo completou séria:
— Brincadeiras à parte, é melhor se preparar. Quanto mais vocês assumirem isso, mais gente vai opinar. E nem sempre pro bem.
— Mas eu não pedi nada disso — suspirei. — Eu só quero viver em paz.
— Pois é — respondeu Rafaela. — Só que paz em cidade pequena é artigo de luxo. E quando tem romance envolvido, então…
Nanda entrou na sala nesse momento, trazendo uma pilha de papéis.
— E se preparem também porque temos trabalho sério pela frente. Ref