Laís
A segunda-feira amanheceu arrastada, como se o sol tivesse preguiça de iluminar Santa Amora. No espelho, vi olheiras fundas e olhos que carregavam mais dúvidas do que certezas. O fim de semana com Eduardo havia sido intenso, mas as palavras de Clara ainda ecoavam como farpas. E agora, um novo rumor: Felipe estava de volta à cidade.
Na ONG, tentei mergulhar no trabalho. Nanda reuniu toda a equipe para falar sobre o próximo projeto de reflorestamento. A sala estava cheia, mapas espalhados pela mesa, e Eduardo sentado ao meu lado. Sua presença aquecia e sufocava ao mesmo tempo. Ele sorria de leve, tentando me passar segurança, mas percebia-se o peso em seu olhar.
Gabriela cutucou meu braço durante a apresentação, sussurrando:
— Você precisa descansar a mente, Laís. O corpo tá aqui, mas a cabeça tá voando longe.
— Eu sei… — murmurei.
Rafaela, atrás de nós, completou em tom de brincadeira: — A cabeça dela tá no Eduardo, todo mundo vê. Só que também tem fantasmas rondando, né?
Su