Laís
Os dias que se seguiram à reunião na prefeitura foram cheios de olhares curiosos e cochichos abafados. A fala de Eduardo havia ecoado pela cidade, e agora, todos sabiam que entre nós havia algo mais do que amizade. Para alguns, era motivo de sorrisos discretos e comentários de apoio. Para outros, como Clara e Felipe, era combustível para intrigas.
Na ONG, percebia os olhares atravessados de alguns colegas. Nanda, sempre firme, chamou a atenção em uma das reuniões:
— Aqui dentro o foco é trabalho. O resto é vida pessoal. Se não conseguirem separar, vão transformar um projeto sério em novela de esquina.
Gabriela rebateu de imediato:
— Ninguém tá confundindo nada, Nanda. O problema é quem insiste em falar do que não entende.
Rafaela completou com ironia: — E quem não gosta de novela que desligue a TV.
Todos riram, menos eu, que sentia o peso das palavras circulando. Como se cada passo meu fosse observado, como se eu fosse personagem de uma história escrita por outras mãos.
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