No novo escritório de Matteo — amplo, sóbrio, com paredes forradas em madeira escura e uma iluminação indireta que jogava sombras nos cantos — o silêncio era espesso. A única exceção era o tilintar ocasional da colher contra a porcelana.
Benedetta, sentada em um dos sofás laterais, tomava chá com a serenidade de quem assistia a uma tarde de ópera. Vestia-se de preto, mas com elegância quase teatral.
Matteo estava à mesa. Diante dele, a caixa aberta com a língua ensanguentada envolta no lenço de seda. Ao lado, o bilhete. Seus olhos escuros estavam cravados no conteúdo, mas sua mente parecia muito além daquele espaço.
Encostadas em um canto, Bia e Isadora aguardavam em silêncio. Bia, encolhida, abraçava os próprios braços. Isadora, embora também abalada, se mantinha firme.
O olhar que Matteo lançou a Bia foi tão gélido que bastou para desencadear um soluço. Ela levou as mãos à boca.
— Juro que não sabia… eu só achei que estava ajudando… — a voz dela quebrou ao meio. — Isadora… você acre