O estúdio era silencioso, frio e meticulosamente preparado. As luzes sobre o palco reservado iluminavam o centro da sala com um branco cortante, que tornava qualquer mentira mais nítida. Valentina andava de um lado para o outro em frente à câmera de ensaio, os saltos ritmados como um metrônomo de ansiedade controlada.
— Falo que a gente namorou por quanto tempo mesmo? — perguntou o homem, franzindo o cenho. Era bonito, mas de uma beleza desgastada. Ex-modelo, ex-ator, ex-relevante. Agora era apenas uma peça no tabuleiro de Benedetta.
Clarisse se aproximou, afiada como uma lâmina:
— Você teve um caso com ela. Breve, intenso, mas escondido. Ela não queria que ninguém soubesse. Típico de quem tem vergonha das origens.
Valentina o analisava com os olhos semicerrados.
— Não seja teatral. Seja convincente. As pessoas amam um ex sofrido. Fale baixo, como se estivesse confessando um erro. Finja arrependimento.
Ele assentiu com a cabeça, tentando se lembrar do que ensaiaram. A presença de Clar