A cela era menor do que seu ego.
Gustavo se encolhia no banco de concreto, o uniforme bege destoando da arrogância que, outrora, exalava em ternos sob medida. Agora, nada nele era sob medida, exceto o medo.
O relógio da parede marcava 13h17 quando a porta da sala de interrogatório se abriu. O promotor entrou primeiro. Sem pressa. Sem simpatia.
Atrás dele, o advogado de Gustavo, com expressão de quem carregava o peso de uma bomba prestes a explodir.
— Está decidido?
Perguntou o promotor, direto.
Gustavo passou a mão pelo rosto, os olhos fundos e a barba por fazer. Ainda hesitava. Mas hesitar era um luxo que ele já não podia se permitir.
— Se eu entregar tudo... todos... Eu saio?
— Não sairá ileso.
Disse o promotor, seco.
— Mas sua pena pode ser reduzida. Muito.
— Eu quero proteção.
Rebateu Gustavo.
— Quero segurança para minha família. Vocês não sabem com quem estão lidando...
— Sabemos, sim.
Cortou o promotor.
— E sabemos que sem você, não conseguimos derrubar os que estão acima.