O sol já ameaçava cair do céu quando Anyellen voltou da brinquedoteca com as mãos sujas de tinta e o coração leve pelas risadas que ecoaram o dia inteiro. Mas a paz foi embora assim que viu a figura elegante parada à porta da sala da direção.
— Você deve ser a tal… Anyellen.
A voz era doce como licor, mas os olhos diziam outra coisa.
Nina usava um vestido bege que moldava o corpo como uma segunda pele e sorria com os lábios, mas não com o olhar. Tudo nela parecia treinado: a forma como cruzava as pernas, o tom exato da voz, até o cabelo perfeitamente preso, como se o descontrole não fizesse parte da vida dela.
— Posso te ajudar?
Anyellen perguntou, mantendo a voz firme, mesmo com o estômago virando.
— Já está ajudando.
Nina respondeu, entrando como se tivesse sido convidada.
— É bom saber com quem Miguel anda brincando de casinha.
Aquela frase bateu seco no peito de Anyellen. Ela fechou a porta atrás de si.
— Se veio aqui pra provocar, perdeu seu tempo. Eu não en