O calor entre eles não era só do verão fora de hora que abafava o ambiente. Era o calor de tudo o que não diziam, de tudo o que sentiam e insistiam em fingir que não.
Miguel apareceu sem avisar. Sem flores. Sem gentilezas.
Apenas com aquele olhar que misturava fúria e desejo.
Anyellen, ao vê-lo parado na porta da sala da ONG, sentiu a espinha enrijecer. Ele estava com os punhos cerrados e a respiração mais pesada que o normal. E mesmo antes de abrir a boca, ela já sabia que ele não vinha em paz.
— Você ainda confia nele?
Ele disparou, a voz baixa demais para parecer contida.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Nele quem?
— No Caio.
Ela cruzou os braços, tentando se proteger. Mas a muralha que construiu vacilava quando ele a encarava daquele jeito.
— Não é da sua conta.
Respondeu seca.
— Ele está ajudando nos computadores.
— Ele sempre teve um plano. E você sabe disso. Só finge que não.
Miguel avançou um passo.
— E o pior é que você se finge de cega por medo de admitir que...
— Que o qu