A manhã seguinte nasceu com uma qualidade de sonho. Helena acordou nos braços de Dante, na cama improvisada no chão de sua nova casa, e por um instante, o peso da felicidade era tão grande, tão desconhecido, que ela temeu que pudesse se quebrar sob ele. O pequeno pássaro de pedra-sabão que ele lhe dera estava sobre a caixa de papelão que servira de mesa de cabeceira, uma testemunha silenciosa de seu novo começo.
— No que está pensando? — ele sussurrou, a voz rouca de sono, sem abrir os olhos.
— Em como tudo mudou — ela respondeu. — E em como tudo parece, pela primeira vez, exatamente como deveria ser.
O primeiro dia de seu noivado não foi passado em celebrações luxuosas, mas em atos de construção. O primeiro telefonema que Dante fez não foi para seus advogados, mas para um número que Helena lhe dera.
— Bom dia, estou falando com o Mestre Ourives Benício? — disse Dante ao telefone, o tom respeitoso. — Meu nome é Dante Alencar. Minha noiva, a escultora Helena Santos, e eu gostaríamos de