O voo de volta para a Bahia foi uma jornada através de um novo tipo de silêncio. Não era a quietude tensa da primeira viagem deles, nem a quietude focada da segunda. Era um silêncio de paz, de exaustão e de uma profunda e inabalável cumplicidade. Eles se sentaram lado a lado, as mãos entrelaçadas sobre o assento de couro, e observaram as nuvens se desdobrarem abaixo deles. A guerra havia acabado. O mundo barulhento de Arthur Alencar, com suas traições e suas maquinações, parecia um planeta distante que eles haviam deixado para trás.
Eles não foram para o ateliê primeiro. Dante deu uma instrução suave ao motorista, e o carro os levou para a casa na Vitória. Ao entrarem, Helena prendeu a respiração. Não era mais uma casa vazia. Nos dias em que estiveram em São Paulo, Dante providenciara a entrega dos móveis que haviam escolhido juntos. O sofá de linho cru estava na sala de estar, as estantes estavam repletas de seus livros de arte misturados com os dele de economia e filosofia. Na cozin