O silêncio na sala do conselho era tão absoluto que o som de uma mão se erguendo parecia um trovão. E as mãos se ergueram. Uma após a outra, em uma cascata lenta e inexorável de traição e de autopreservação. Homens que haviam construído suas carreiras sob a sombra de Arthur Alencar agora o abandonavam, escolhendo a promessa de um futuro em vez da lealdade a um passado tóxico.
A votação foi unânime. A moção de Dante foi aprovada. Arthur Alencar estava fora.
O homem que fora um titã por cinquenta anos pareceu encolher em sua cadeira na cabeceira da mesa. A cor sumiu de seu rosto, deixando para trás uma palidez cerosa. Por um instante, ele pareceu apenas um velho, frágil e derrotado. Mas então ele ergueu a cabeça, e o gelo em seus olhos azuis era o de uma fúria primordial.
Ele não disse uma palavra. Não houve gritos, nem acusações. Com uma dignidade terrível, ele se levantou, ajeitou o paletó e, sem olhar para ninguém, especialmente para seu filho, virou-se e caminhou para fora da sala.