O interior do jato particular de Dante era um sussurro de luxo. Couro creme, madeira escura polida, um silêncio tão profundo que parecia pertencer a um mundo subaquático. Para Helena, que passara a vida em ônibus intermunicipais e carros de segunda mão, a experiência era surreal. Do lado de fora da janela, o azul infinito do céu; do lado de dentro, uma bolha de poder e privilégio. Era a materialização do abismo que existia entre o mundo dela e o dele.
— Nervosa? — perguntou Dante, de sua poltrona em frente a ela.
— Aterrorizada — ela admitiu, com uma honestidade que se tornara a base de sua nova relação. — Sinto como se estivesse a caminho de uma batalha para a qual não tenho armas.
— Você tem a arma mais poderosa de todas — ele disse, inclinando-se para a frente, os olhos escuros e intensos. — Você tem a sua verdade. A sua arte. O resto deles, o conselho da galeria, a imprensa... eles lidam com opiniões, com tendências, com o valor monetário das coisas. Você lida com a pedra. Com o q