46. A Matriarca dos Bianchi
Termino de passar o batom e encaro meu reflexo no espelho. As mãos descem instintivamente até o vestido enquanto sorrio, satisfeita com o resultado.
Agora que estou pronta, o vestido de alça larga, justo até os joelhos e com um corte impecável, parece ainda mais bonito. Destaca minhas curvas na medida certa: elegante, mas com intenção.
Respiro fundo, tentando acalmar os nervos. Um jantar familiar. Com a sogra que me odeia. O que poderia dar errado?
O som da porta que conecta nossos quartos se abrindo me pega de surpresa.
Ettore aparece no reflexo do espelho, impecável em um terno grafite. O cabelo penteado para trás realça ainda mais o azul-claro dos olhos.
Nossos olhares se encontram no espelho e, por um instante, o quarto inteiro para. Ele me observa em silêncio, os olhos percorrendo meu corpo com uma intensidade que ele nem tenta disfarçar.
Engulo em seco, ignorando o calor que sobe pelas minhas bochechas.
— Você está… — ele começa, mas hesita, como se buscasse a palavra certa.
— A