Já se passavam duas semanas daquela noite intensa na balada. Alessandro e Thiago haviam começado a sair juntos com mais frequência, como uma dupla inseparável que, além da amizade, compartilhava o prazer de viver a vida de forma intensa.
As saídas eram sempre planejadas com cuidado: bares sofisticados, clubes badalados, festas exclusivas. E como sempre, onde apareciam, chamavam atenção. Mulheres se aproximavam, fascinadas pelo charme natural de Thiago e pela postura segura de Alessandro, que carregava no olhar aquele misto de mistério e autoridade irresistível. — Cara, você viu aquela? — Thiago cutucou Alessandro uma noite, apontando discretamente para uma mulher elegante no bar. Alessandro lançou um olhar rápido e sarcástico. — Vejo todas, mas não me distraio com ninguém ainda. — Ah, vamos, comandante! Relaxa! A noite é nossa. — Thiago riu, pegando uma bebida do balcão. E era exatamente isso que eles faziam: a noite se estendia, cheia de risadas, olhares e provocações sutis. A química deles com as mulheres era inegável. Alessandro, com seu jeito firme e misterioso, atraía olhares curiosos; Thiago, com seu humor fácil e carisma natural, conquistava corações em segundos. Quando a noite chegava ao ápice, inevitavelmente as coisas se intensificavam. Sempre de forma discreta, cada um acabava indo para um hotel com a mulher que havia conquistado naquela noite. Sem culpa, sem cobranças, apenas o prazer e a liberdade de aproveitar o momento. Em um quarto de hotel luxuoso, Alessandro deitava-se ao lado de uma mulher sorridente, o corpo ainda pulsando da adrenalina da noite, enquanto Thiago fazia o mesmo em outro quarto próximo, compartilhando risadas e suspiros com sua companhia. — Você sempre sabe como fazer a noite valer a pena, Alessandro — disse a mulher para Alessandro, sorrindo maliciosamente. — Acho que aprendemos com os melhores — respondeu ele, com um leve sorriso, lembrando de Thiago. E assim, aquela rotina continuava: noites cheias de desejo, encontros passageiros, sorrisos e aventuras. Para Alessandro e Thiago, era mais do que diversão — era a maneira de esquecer a pressão do dia a dia, de viver cada momento intensamente antes que a madrugada terminasse e o mundo real chamasse de volta. . O universo, no entanto, parecia ter outros planos. Nos últimos meses, Alessandro havia ajudado uma família que passara por um sequestro traumático. A gratidão deles para com ele era imensa, então passou a convidá-lo para almoço ou churrasco, Augusto, pai de Núbia e Cristina, fazia questão de chamá-lo. Alessandro ia não por obrigação, mas porque sentia que aquele vínculo construído na dor e no respeito era algo que valia a pena manter. O destino, que parecia ter fechado as portas do coração de Cristina, começou a abrir uma brecha quando o comandante Alessandro entrou em cena. Ele era primo de Henrique, marido de Núbia, e já havia conquistado a gratidão de toda a família ao salvar Núbia em um momento decisivo. Sua presença passou a ser constante nos encontros familiares — não apenas por laços de sangue, mas porque Augusto, pai de Cristina, nutria um respeito e uma admiração imensos por ele. Cristina, no início, o via apenas como mais um conhecido próximo da família. Um homem sério, disciplinado, com a postura típica de alguém que carrega a responsabilidade de comandar vidas. Ele tinha aquela aura de autoridade natural, mas também uma simplicidade que surpreendia. Sabia conversar com todos, do mais velho ao mais novo, e era querido por sua honestidade. Com o tempo, a convivência se intensificou. Nos jantares em família, Alessandro sempre fazia questão de sentar perto de Augusto para ouvir suas histórias. Às vezes, trocava olhares discretos com Cristina, que fingia não perceber. Ela mantinha sua postura de arquiteta focada e independente, mas por dentro, começava a sentir algo estranho: uma sensação de segurança. Era como se, pela primeira vez em anos, alguém transmitisse exatamente aquilo que ela projetava em suas obras: proteção, firmeza e acolhimento. Cristina tentava se convencer de que era apenas admiração, fruto da gratidão que todos tinham por ele. Mas quando se pegava pensando em Alessandro mesmo fora dos encontros familiares, percebia que estava em perigo — não físico, mas emocional. Suas muralhas estavam sendo testadas. O comandante, por sua vez, parecia perceber a resistência dela. Não forçava aproximações, respeitava seu espaço, mas em pequenos gestos — como segurar a porta, oferecer um café, ou perguntar sobre seus projetos — mostrava um interesse silencioso. Diferente de qualquer outro homem que Cristina já havia conhecido. E assim, quase sem perceber, a arquiteta que ergueu muralhas ao redor do coração começava a sentir rachaduras nas paredes que construiu.