Noite quente

A pista de dança estava lotada, mas Alessandro só percebia Isabela à sua frente. Ela se movia com naturalidade, o corpo acompanhando o ritmo da música como se fosse parte dela. Alessandro, rígido no início, tentava acompanhar seus passos, mas a cada sorriso dela, a tensão em seus ombros se desfazia um pouco mais.

— Viu só? — disse ela, inclinando-se próxima ao ouvido dele para vencer o barulho. — Você consegue.

O calor do corpo dela tão perto fez Alessandro sentir algo que não sentia há muito tempo. Ele sorriu de canto, segurando firme a mão dela, e arriscou um movimento mais ousado, puxando-a de leve pela cintura.

Isabela não resistiu, pelo contrário: aproximou-se ainda mais. Seus olhares se encontraram no meio da pista, e o tempo pareceu desacelerar. Alessandro, acostumado a comandar homens em campo de batalha, agora se via rendido a uma única mulher que conseguia desmontar suas defesas com um simples olhar.

— Confessa, comandante — provocou ela, com um sorriso malicioso — está começando a gostar da “missão”.

Ele riu baixo, a respiração pesada.

— Se isso for uma missão, talvez seja a mais difícil que já recebi.

— Difícil? — ela arqueou a sobrancelha. — Ou a mais tentadora?

As palavras ficaram suspensas entre eles, carregadas de uma tensão que já não podia mais ser ignorada. A música mudou para um ritmo mais lento, e Alessandro aproveitou para envolvê-la completamente, uma mão firme em sua cintura, a outra entrelaçada à dela.

Isabela encostou o rosto no dele, tão perto que Alessandro podia sentir o perfume suave misturado ao calor da pista. Seus olhos se encontraram de novo, e naquele instante, parecia inevitável: o beijo estava prestes a acontecer.

Mas Alessandro, sempre no controle, hesitou por um segundo, como se ainda lutasse contra aquilo. Isabela sorriu, percebendo sua resistência.

— Você pode comandar exércitos, Alessandro… mas não adianta lutar contra isso.

Ele fechou os olhos por um instante, respirou fundo — e então cedeu. O beijo aconteceu intenso, carregado de desejo contido, como se ambos estivessem esperando exatamente aquele momento.

Thiago, de longe, ergueu os braços em triunfo, satisfeito por ter arrastado o amigo para aquela noite.

O beijo na pista foi só o início. O calor entre Alessandro e Isabela crescia a cada segundo, impossível de conter. Eles não precisavam dizer nada, os olhares já falavam por si. Entre risos, provocações e beijos roubados, decidiram sair da balada antes mesmo do fim da noite.

Thiago, percebendo a pressa do amigo, apenas acenou de longe com um sorriso de quem já esperava por aquilo.

Pouco depois, Alessandro e Isabela chegaram a um hotel discreto no centro da cidade. Assim que entraram no quarto, a tensão acumulada explodiu. O comandante sério, disciplinado e acostumado a controlar cada detalhe, deu lugar a um homem tomado pelo desejo.

As roupas foram deixadas pelo caminho, os beijos se tornaram mais intensos, as mãos exploravam cada pedaço do outro como se o tempo fosse inimigo. A noite foi quente, marcada por uma entrega que surpreendeu até mesmo Alessandro, que raramente se permitia perder o controle.

Horas depois, já na madrugada, os dois estavam exaustos, deitados lado a lado, ainda ofegantes. Isabela adormeceu com um leve sorriso nos lábios, enquanto Alessandro permanecia desperto por alguns instantes, observando o teto escuro do quarto.

Ele sabia que aquilo tinha sido intenso, mas também sabia que não era mais do que uma noite. Sua vida, suas responsabilidades e seu posto não lhe permitiam mais do que isso.

Ao amanhecer, Alessandro acordou primeiro. Levantou-se em silêncio, tomou um banho rápido e, antes de sair, pegou um bloco de notas que havia na mesinha do quarto. Escreveu algumas palavras com sua letra firme e direta:

"Isabela, obrigado por essa noite. Foi inesquecível. Mas é melhor que fique apenas como lembrança.

— A."

Deixou o bilhete ao lado da cama, lançou um último olhar para ela dormindo tranquila e, em seguida, saiu do quarto sem fazer barulho.

A porta se fechou, e com ela, a noite que Alessandro sabia que jamais esqueceria — mesmo que tivesse decidido deixá-la para trás.

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