Ceifadores de Ferro MC
Ceifadores de Ferro MC
Por: Mia Ivanov
Capítulo um

PONTO DE VISTA DE ELISE

"Anda logo, Troy, a gente precisa voltar antes que percebam." Termino de abaixar a saia do uniforme de garçonete do bar onde trabalho.

Troy coloca a camisa, ajeita o cabelo desgrenhado e me lança um sorriso. Tento sorrir de volta, mas meu estômago está embrulhado. Sei que, quando sair desse depósito, vou encarar os olhares dos outros funcionários. Olhares de pena. E nojo.

Ninguém sabe que estamos juntos há dois anos. Na verdade, ninguém sabe nem que eu existo fora daqui. Sou só a funcionária que, de vez em quando, desaparece com o chefe.

Antes que ele abra a porta, respiro fundo.

"Quando você vai me apresentar pra sua família como sua namorada?"

Troy congela. Me olha como se eu tivesse dito algo absurdo.

"Já falamos sobre isso, não falamos? Muito em breve você vai conhecer minha família."

Seguro a alça da saia com os dedos, tentando não parecer tão decepcionada.

"Muito em breve..." repito, com um sorriso vazio. "Você disse isso há seis meses, Troy. E eu ainda sou a funcionária que dorme com o chefe."

Ele ergue uma sobrancelha e ri, incomodado com meu tom.

"Ora, mas isso não deixa de ser verdade, não é? Sempre que precisa de dinheiro, eu dou."

Sinto o peito apertar. Dói ouvir assim, mesmo sabendo que ele não está errado. Desvio o olhar.

Troy suspira, ajeita a gola da camisa.

"Não começa com isso agora, vai. Você sabe que eu ajudo porque quero."

"Não é isso..." sussurro. "Eu só queria ser mais do que isso pra você."

Ele não responde. Me lança um olhar frustrado, abre a porta e sai como se nada tivesse acontecido.

Fico ali por alguns segundos, juntando forças pra sair. Mesmo depois de dois anos, ainda sou só uma garota que dorme com o chefe.

Ele me dá um beijo rápido na bochecha antes de desaparecer pelo corredor:

"Preciso voltar pro bar."

Aceno, forçando um sorriso que ele nem vê. Coloco uma caixa de cerveja contra o quadril, pronta pra sair, quando sinto o celular vibrar no bolso.

É minha irmã, Mel. Dez anos. Meu coração aperta.

"Mel?"

"Mana... a mamãe saiu de novo."

Fecho os olhos.

"Saiu pra onde?"

"Não sei... faz horas. Tô com fome, não tem nada pronto."

Coloco a caixa de volta. "Vou dar um jeito de ir aí, tá bom? Aguenta mais um pouquinho?"

"Consigo..." Mel hesita. "Mana... quando eu vou poder morar com você?"

A pergunta dela me corta. Respiro fundo.

"Mel, a mamãe ainda tem sua guarda. Eu não posso simplesmente te tirar de casa."

"Tudo bem. Tô te esperando."

Desligo. Passo as mãos no rosto e respiro fundo. Preciso cuidar da minha irmã.

No bar, Troy está ao telefone, rindo. Quando me vê, desliga.

"O que foi agora?"

"Preciso sair. Emergência na casa da minha mãe."

Ele suspira. "Vai cuidar da sua irmã de novo? Sua mãe deve estar bêbada por aí em Nova York."

Concordo, mordendo os lábios.

"Ela só tem dez anos. Está sozinha, assustada, com fome."

"Pode ir. Faltam dez minutos pro fim do seu turno."

"Obrigada."

Enquanto me afasto, percebo os olhares de outras funcionárias. Cochichos. Risadinhas.

"Era disso que eu estava falando." sussurro para mim mesma.

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