PONTO DE VISTA DE TRENT
Pode parecer loucura, mas ontem à noite, enquanto eu estava ao telefone, uma garota cruzou meu caminho.
Ela era a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida. Seus cabelos caíam em ondas suaves pelos ombros, e seus olhos... Puta merda, aqueles olhos me fizeram sentir uma corrente elétrica passar por todo o meu corpo. Foi como se o tempo parasse por um instante e eu esquecesse completamente o que estava fazendo. Era algo raro, quase impossível, mas aconteceu.
Quando nossos olhares se encontraram, senti algo que nunca acreditei ser real: amor à primeira vista. Sempre pensei que isso era coisa de filme, que não dava para se apaixonar por alguém sem sequer trocar uma palavra. Mas, porra, aconteceu comigo.
Depois que ela passou por mim, algo em mim pareceu se encaixar. Então, fiz algo que talvez seja considerado uma perda de sanidade completa — segui ela. Assim que a garota desapareceu pela esquina, entrei no meu carro e a segui de longe, tentando não parecer um maluco perseguidor.
Ela entrou em um prédio simples, daqueles que claramente não combinavam com minha rotina de luxo. Vi quando ela pegou o elevador e, enquanto aguardava, passei a mão pelo rosto, tentando entender por que diabos eu estava fazendo aquilo. Anotei o endereço mentalmente e voltei para minha cobertura, que ficava a poucas quadras dali.
Assim que entrei no apartamento, peguei o telefone e liguei para Grave.
"Irmão, preciso que você alugue um apartamento para mim" eu disse, direto ao ponto.
Do outro lado da linha, ele ficou em silêncio por alguns segundos, provavelmente processando o pedido.
"Ah... Certo. Alguma preferência?" disse ele, ainda desconfiado.
"Sim, o apartamento em frente ao 304, no prédio da Rua Anderson."
Dessa vez, ele riu como se eu tivesse contado uma piada.
"Você está maluco? Por que diabos sairia da sua cobertura para morar em um apartamento simples e caindo aos pedaços?"
"Ainda não posso te contar, Grave. Só faz isso por mim."
"Você sabe que vai ter que me explicar depois, né?"
"Prometo que explico." soei suspeito. "Confie em mim e não deixe que nossos outros irmãos saibam sobre isso, por enquanto."
Mesmo sem entender, ele aceitou a missão e, no dia seguinte, o apartamento já era meu. A questão agora era o que eu faria com ele, porque nem eu tinha certeza.
***
Hoje de manhã, saí para uma caminhada, tentando enganar a mente, e foi então que vi. Aquele idiota estava parado na calçada na frente do prédio, apertando o braço dela com força. A expressão dela era de puro desconforto, e minha primeira reação foi ir até lá e intervir.
"Quem diabos é você?" o cara disse, me lançando um olhar hostil.
Fiquei parado, imponente, cruzando os braços e tentando não esmagar o idiota ali mesmo.
"Me chamo Iron" respondi com voz firme. "Moro nesse prédio. Só parei para garantir que você não estava incomodando ela."
Ele bufou, cruzando os braços de forma defensiva.
"Incomodando?" ele repetiu com um sorriso cínico. "Vai cuidar da sua vida, cara."
Eu me aproximei mais um passo, mantendo o olhar fixo no dele.
"Vou te dar um aviso só uma vez" murmurei com firmeza. "Se eu te ver colocando as mãos nela de novo, vou quebrar o seu braço."
Ele hesitou, claramente tentando parecer valente, mas deu um passo para trás. Covarde.
"Que se dane. Te vejo mais tarde no trabalho." ele resmungou, olhando para ela por um segundo antes de marchar para o carro e dar o fora dali.
Assim que ele sumiu, eu virei para ela, tentando relaxar a expressão séria.
"Você está bem?" eu estava realmente interessado, observando-a com cuidado.
Ela parecia um pouco assustada, mas assentiu levemente.
"Sim... eu... estou." Ela pareceu lutar para encontrar as palavras certas. "Obrigada por... por isso."
Dei um meio sorriso, sentindo uma pontada de orgulho por ela se manter forte, mesmo diante de uma situação assim. Ela era uma coisinha pequena perto de mim.
"Não precisa agradecer" respondi, tentando não transparecer o quanto fui afetado por vê-la daquele jeito. "Ninguém merece ser tratado daquela forma."
Hesitei por um segundo, com vontade de puxá-la para um abraço e garantir que ela estivesse segura. Mas eu sabia que já tinha cruzado a linha ao segui-la naquela noite e, agora, estava tentando me manter sob controle perto dela.
"Bem, vou voltar para minha corrida." comentei, apontando na direção do prédio atrás. "Se precisar de qualquer coisa... só bata na porta."
Ela apenas acenou, ainda processando o que tinha acontecido, e eu me obriguei a me afastar antes que meu impulso de ficar mais um pouco tomasse conta.
Na minha cabeça, só uma coisa fazia sentido: eu particularmente protegeria aquela garota, mesmo que não entendesse o motivo de estar fazendo aquilo.