Eles caminharam lado a lado sem pressa, como se o tempo tivesse afrouxado as rédeas só para aquele instante. O dia ainda guardava traços de neblina, mas o sol, tímido, tentava abrir caminho entre as nuvens.
Passaram pela floricultura da dona Idalina, onde vasos de gerânio se empilhavam em degraus coloridos. Helena apontou com o queixo, e Arthur acompanhou o olhar dela sem precisar de explicações. Não era sobre flores — era sobre memória.
— Minha mãe comprava sempre ali nas sextas-feiras — ela disse, quase num sussurro. — Eu odiava carregar os vasos porque sujavam minha roupa da escola.
Arthur sorriu, mas não respondeu. Era um sorriso que escutava, que acolhia, e isso bastava.
Mais adiante, dobraram a esquina e o cheiro do pão recém-saído do forno escapava pelas frestas do mercadinho local. Helena não comentou nada, mas respirou fundo — como quem guarda o aroma na alma. Ele notou.
— Você voltaria a morar aqui? — ele perguntou, num tom que não exigia resposta.
— Não sei. Às vezes parece