Na manhã seguinte, terça-feira, Helena chegou à Valente antes de todos — como sempre. O relógio ainda marcava 7h12 quando atravessou a portaria. O porteiro ergueu o rosto e sorriu com a familiaridade discreta de quem já conhecia os hábitos dela.
— Bom dia, senhorita Costa.
— Bom dia, Pedro.
— Café forte hoje?
— Duplo, se possível — ela respondeu, e seguiu direto para o elevador.
No sétimo andar, tudo ainda estava silencioso. As luzes de presença se acendiam conforme ela caminhava, revelando corredores vazios e salas ainda escuras. Helena gostava daquele momento do dia — quando o mundo corporativo ainda não tinha acordado, e o peso dos olhos alheios ainda não havia se instalado nos ombros.
Sentou-se à mesa de vidro, abriu o notebook e começou a revisar os arquivos da reunião que teria com os investidores na quinta. Mas o foco fugia. Cada número parecia borrado por alguma inquietação maior.
Ela massageou as têmporas, tentando afastar a névoa. E, no fundo da bolsa, os dedos encontraram o