O salto de Helena ecoou pelo saguão da Valente como se o prédio inteiro a ouvisse chegar.
Nada nela denunciava o que tinha se passado nos últimos dias — nem as noites que dormira na cobertura de Arthur, nem a carta do pai, nem o turbilhão que ainda não sabia nomear. Estava impecável. Blazer cinza claro, cabelo preso num coque preciso, batom vinho que funcionava quase como escudo.
Ao atravessar a recepção, lançou um aceno breve para a recepcionista e manteve o passo firme até o elevador.
Lá dentro, sozinha por poucos segundos, inspirou fundo.
Você é boa no que faz. Melhor do que todos aqui imaginam.
A porta abriu no segundo andar e três pessoas entraram — dois analistas e uma gerente que Helena já vira antes em uma apresentação de resultados. Conversavam baixo, mas quando a reconheceram, o tom mudou.
— Helena Costa, né? — disse um dos homens, tentando soar casual.
— Sim — ela respondeu, educada.
— Bom tê-la de volta. Ouvi dizer que a equipe de Arthur teve uns dias… silenciosos sem você