Capítulo 58

O sol atravessava as frestas das cortinas com uma calma quase insolente, como se o tempo não tivesse pressa de avançar. Era domingo, mas dentro da cobertura, não havia relógios — só o som abafado da cidade acordando aos poucos e a respiração lenta que preenchia o quarto.

Helena despertou antes dele.

Ficou um tempo ali, imóvel, observando o traço de luz que cortava o lençol e o corpo de Arthur ao lado, meio descoberto. Os músculos relaxados, a expressão serena. Nada nele lembrava o homem que usava palavras como armas nos corredores da Valente, nem o estrategista controlado que vira em tantas reuniões. Era só um homem adormecido. Cansado, talvez. Mas real.

Ela virou o rosto para o teto e deixou os pensamentos se infiltrarem.

Como se chega até aqui?

Uma semana atrás, ela estava em Lisboa, diante do pai pela primeira vez em anos. Uma vida inteira construindo muros, arquitetando planos, colecionando mágoas — e agora, ali, deitada ao lado de quem deveria ter sido o alvo final.

Mas não era.

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