Helena chegou ao aeroporto pouco antes das seis da manhã, o céu ainda escuro, Londres estava imersa naquele silêncio enevoado de segunda-feira. Estava com o casaco cinza fechado até o pescoço, o cabelo preso num coque apressado, os olhos fundos de uma noite mal dormida. O rosto sério denunciava o que sentia: não era apenas preocupação com o pai — era o peso de tudo que aquela viagem simbolizava.
A viagem a Lisboa não era apenas um deslocamento físico. Era um mergulho no passado. E, dessa vez, ela não poderia fugir das perguntas que evitara por anos.
O voo foi silencioso. Ela manteve o olhar fixo na janela a maior parte do tempo, vendo as nuvens passarem como se pudessem limpar os pensamentos que não a deixavam em paz. A mala de mão no chão, o celular no colo — ainda sem resposta à mensagem que enviara na noite anterior para Arthur. Não esperava que ele dissesse nada. Mas parte dela… desejava.
Quando o avião pousou, o sol começava a surgir por entre os prédios lisboetas. Era um dia cla