Quando ele apareceu na porta da sala, meu coração bateu mais rápido. Como sempre.
Usava uma camiseta preta, jeans desbotado e aquele sorriso que parecia uma provocação viva. Eu sabia que a saia longa bege que eu usava, abaixo dos joelhos, como meu pai exigia, era o suficiente para agradar quem precisava ser agradado. Mas por baixo, por baixo dele, eu usava uma blusinha colada que havia comprado com o dinheiro da “caridade” que recebia. Nada muito ousado, mas justa o suficiente pra lembrar que eu ainda tinha um corpo que sentia. Que me pertencia.
Foi com esse mesmo dinheiro que comprei um short jeans, semanas atrás. Curto. Inaceitável. Escondido numa sacola embaixo do colchão.
Lucas entrou como quem não devia, mas mesmo assim sabia que podia. Sua irmã Ana Luísa correu até ele, gritando:
— Lucas! Jesus hoje tem capa de herói!
Ele a ergueu nos braços com facilidade, sorrindo de lado, e depois olhou pra mim. Direto. Como se a sala estivesse vazia.
— A catequista tá inovando?
— O