Alguns dias haviam se passado desde a execução de Antônio Vitale. A mansão dos DeLuca estava mergulhada em um silêncio quase sepulcral. Ninguém ousava tocar no assunto, não era necessário.
Rose, apesar de já estar restabelecida fisicamente, carregava um peso maior do que qualquer ferimento. Sozinha em seu quarto, arrumava sua mala com movimentos lentos, quase mecânicos. Cada peça de roupa dobrada parecia uma despedida silenciosa da vida que ela conhecera até ali.
O quarto, o corredor, a casa inteira estavam impregnados de memórias que doíam. Aquele ambiente, tão opulento e seguro para muitos, era para ela um lembrete cruel do sequestro, da violência e da traição que lhe haviam roubado a paz.
— Preciso de novos ares… — murmurou para si mesma, tentando acreditar que uma mudança de cenário poderia apagar o que estava gravado em sua alma.
O dia da partida chegou rápido. Rose se despediu de Dona Lúcia com um abraço demorado. A matriarca, com os olhos marejados, acariciou o rosto da jovem