O sol já começava a se esconder atrás das montanhas quando Rose trancou a porta do mercadinho. O som do cadeado se fechando ecoou como uma sentença.
 O expediente havia terminado, mas a sensação de vigilância permanecia. O ar parecia mais pesado, cada sombra nas calçadas ganhava forma e intenção.
Rose ajeitou o casaco sobre os ombros, respirou fundo e saiu. Os passos eram rápidos, o olhar atento, o coração inquieto.
 Não seguiu pelo caminho oposto — desviou por ruas paralelas, becos menos movimentados, tentando despistar qualquer olhar que a seguisse. Não podia correr riscos. Não com Elena em casa.
As lembranças de Frank invadiam sua mente a cada esquina. A forma como ele a olhara no mercadinho, como se todos aqueles anos de distância não tivessem existido. Aqueles olhos castanhos ainda tinham o mesmo poder — perigosos, intensos, impossíveis de ignorar.
 Mas ela não podia se deixar levar, não cairia em seus encantos. Não mais.
Quando virou na rua estreita que levava ao vilarejo vizinh