A leitura do testamento ainda ecoava pelas paredes da mansão DeLuca como um trovão que não cessava.
 “O império será entregue à minha neta, Elena.”
 Aquela frase mudara tudo.
 Aquele pedaço de papel, manchado pelo selo do patriarca, havia destruído o equilíbrio frágil que restava na família.
O salão principal estava mergulhado em um silêncio pesado. O retrato de Don Vittorio — o velho Senhor Deluca de olhar severo — parecia observar cada um deles, julgando.
 As cortinas balançavam com o vento da tarde, e o cheiro de incenso do funeral ainda impregnava o ar, como se a morte ainda rondasse o lugar.
Martin desceu as escadas, ainda com o semblante carregado da noite mal dormida.
Frank estava no jardim, observando de longe, com a expressão de um homem que não confiava nem na própria sombra.
Dona Lúcia quebrou o silêncio:
 — Então é isso. — Disse, num tom cortante. — O império DeLuca agora pertence a uma criança.
Martin riu com amargura. — Uma criança… filha de um erro.
A mãe o olhou firme,