O escândalo já tinha perdido parte do fôlego inicial, mas os jornalistas mais sensacionalistas não largavam o osso. Onde íamos, alguém estava à espreita.
Na terça-feira, Helena insistiu em sair sozinha para visitar uma cliente antiga. Eu mandei seguranças a contragosto, e ela fez questão de ignorá-los o caminho inteiro.
Só que, no retorno, a confusão explodiu.
Um grupo de repórteres cercou a porta da loja. Um deles — um miserável com voz estridente — se aproximou demais. Tão demais que, quando percebi, Helena estava recuada contra a parede, a mão sobre a barriga, e o microfone quase encostado em seu rosto.
— Helena! Admita de uma vez! Você só aceitou se casar porque ele pagou, não foi? — o homem cuspia as palavras, a câmera já gravando. — Quanto vale um filho pra você?
Foi a gota.
Senti o sangue ferver nas veias. Em segundos, atravessei o círculo e o agarrei pelo colarinho. A câmera caiu no chão, um som metálico. O homem arregalou os olhos, e eu só conseguia ver o pavor dele refletido