Gustavo
Helena cozinha como se tivesse feito um pacto com o diabo das massas. O cheiro da lasanha dela invade a casa do meu irmão e me faz pensar que talvez casamento tenha, sim, algum benefício, especialmente se vier acompanhado de molho branco.
Arthur tá na cabeceira da mesa, camisa social até dentro de casa, lendo o tablet como se fosse presidente de alguma coisa importante. Helena circula sorrindo, com aquela paciência que só quem ama um Vasconcelos consegue ter.
E aí vem ela.
— Tio Gus! — Aurora, com uma coroa torta e o sorriso mais lindo do mundo, corre e pula no meu colo.
Eu a ergo no ar e giro com ela.
— Alteza Aurora, o reino está em paz?
— Tem dragões! — ela diz, apontando pro cachorro.
— Então o cavaleiro Gustavo vai ter que salvar o dia.
Helena ri, encostada na porta.
— Você vai deixar ela elétrica até meia-noite.
— Deixa, cunhadinha. Criança tem que se divertir. Adulto é que estraga tudo.
Arthur levanta os olhos do tablet, sério:
— O problema é quando