A Aposta
O sol ainda nem despontou completamente quando Letícia é acordada por um mugido longo e desesperado vindo do curral.
Ela se senta na cama, sonolenta, tentando entender se está sonhando ou sendo chamada para um tipo novo de tortura rural.
— Letícia! A voz de Henrique atravessa a janela, grave, autoritária.
— Preciso de você aqui fora!
Ela revira os olhos, coloca uma blusa por cima do pijama e sai tropeçando, ainda de chinelos, com os cabelos bagunçados e o olhar meio assassino.
— Sabe que existe algo chamado “bom dia”? Ela resmungou, cruzando os braços.
Henrique está ajoelhado ao lado de um bezerro recém-nascido, envolto em palha e cobertores improvisados.
A respiração do animal é curta, e há um brilho de preocupação real nos olhos dele.
— Ele nasceu fraco. Explica.
— A mãe rejeitou.
—Vai precisar de cuidado constante.
— E o que eu tenho a ver com isso? Ela pergunta, desconfiada.
Um meio sorriso surge no canto dos lábios de Henrique, o tipo de sorriso que sempre vem acom