Choques de Território
O sol do meio-dia cai como uma lâmina sobre o terreiro. O ar cheira a palha, terra úmida e suor.
Letícia, de chapéu torto e botas emprestadas que parecem pesar mais que ela, encara o balde de ração nas mãos como se fosse uma equação indecifrável.
— Você só precisa jogar isso pros porcos, Letícia. Diz o peão Joaquim, tentando esconder o riso.
— Eles se resolvem.
Ela respira fundo, balança o balde e dá o primeiro passo.
O chão é irregular, e o cheiro forte a faz franzir o nariz.
“Por que eu topei isso mesmo?”, pensa.
A resposta aparece em forma de um pequeno cercadinho improvisado, montado sob a sombra da árvore próxima.
Dentro dele, Laura brinca com uma boneca de pano, balbuciando palavras que só ela entende.
Henry observa tudo de longe, encostado na cerca, o chapéu projetando sombra sobre o olhar semicerrado.
Há algo entre o tédio e o divertimento em seu rosto.
Letícia se aproxima do chiqueiro, hesitante.
Os porcos olham para ela como se esperassem um es