Damian

A praça tinha cheiro de pipoca, chuva e latas abertas. Havia cartazes, vozes, gente a favor e contra. Amara segurava minha mão com firmeza. O palco era baixo, de madeira leve, à frente, um mar de celulares levantados. Atrás, barracas de comida e um caminhão de som. Ronan falou no ponto:

— “Sem incidentes até agora. Leste limpo. Oeste com barulho, mas nada além.”

Assenti. Eu conheço barulhos. Aquele era comum, gente discutindo, criança chorando, vendedor gritando. Eu me aproximei do microfone.

— Obrigado por estarem aqui — comecei. — Não importa o que pensam de mim, eu acredito que a cidade pode ser melhor quando nos olhamos de frente.

Alguns aplaudiram, outros vaiaram. Normal. Amara estava ao meu lado, olhos calmos, ombros soltos. Ela sorriu para uma senhora que tentava ver por cima das cabeças.

— Relaxa — sussurrou para mim.

Eu relaxei. O lobo também. Pela primeira vez em dias, ele ficou quieto.

Foi então que a música do caminhão cortou de forma estranha. Um acorde seco, um ch