136: Amigos conversam...
Num bar próximo à empresa, Hector se senta no banco alto, apoia os cotovelos no balcão e pede uma bebida com a voz baixa.
— Um uísque, duplo. Sem gelo.
Enquanto o garçom se afasta, ele fica ali, olhando sério para a estante de garrafas atrás do balcão. Nem parece que está escolhendo alguma, pois seu olhar está mais para quem está hipnotizado, perdido nos próprios pensamentos. Aquele tipo de silêncio que só gente cheia de coisa na cabeça carrega.
A manga da camisa está dobrada como se tivesse passado o dia inteiro lutando com o mundo. O que, de certo modo, é bem verdade.
O copo chega, ele agradece com um aceno quase imperceptível e bebe um gole como se fosse água. Fecha os olhos por um segundo, mas aquilo não ajuda muito.
Tudo parece girar em torno de uma revelação. O passado inteiro parece se bagunçar.
A porta do bar se abre com o som irritante do sino e Mark entra. Ele avista Hector e vai direto até ele, sem rodeios. Puxa o banco ao lado e se senta, largando o celular no balcão como